sexta-feira, 19 de junho de 2015

ÚLTIMO POST - "Poema de um Grande Amigo"


Termino meu último poema, mais uma vez é para ela. Coloco-o contra a luz que entra pela janela. Lá fora vejo muitos iguais a ela. É onde entra meu desespero, como vou conseguir fugir, escapar dessa decisão que me cega? Lembro que há alguns dias eu já venho preparando minha partida, pra longe desse mundo, a procura de um lugar, onde possa me encontrar. 
Permaneço nos mesmos erros, encontro sempre os mesmos, choro como sempre.Com uma síndrome de Cireneu eu sigo carregando não só a minha, como também a cruz dos outros. Meu fardo pesa.

Resolvo parar de escrever, meus dedos já doem. Já não quero ser mais visto, quero viver de encontros casuais, que não pretendo me esforçar para acontecer. Vou arrumar minha mala, levarei comigo pouca coisa. 

Escova de dentes, um sabonete, três camisas, uma calça jeans e tênis. Vou a pé mesmo, não estou com muita pressa pra chegar aonde estou indo.

Meus cadernos ficarão para trás, junto com um monte de livros. Deixarei pra trás também meu coração, que um dia dei para ela e por vergonha não irei pedi-lo de volta. Digo adeus para o nada, como sempre estou sozinho, trancado num quarto onde tudo está jogado. Me despeço das paredes que por muito tempo foram meus ouvintes.

Aplaudiram quando cantei, choraram quando recitei e me abraçaram quando precisei. Logo elas, pálidas e sem vida.

É uma despedida não muito feliz, como se fosse a morte do coadjuvante no final do filme. É como um BBB a cada nova edição. É como dia de ontem que já passou.

Eu fui, não sabia que o final seria assim. Sempre fui otimista em relação ao fim, a Disney me alienou por anos. O Chaves também.Tchau.Rafael Vaz